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A Dimensão da Fisioterapia Esportiva no Futebol
A Dimensão da Fisioterapia Esportiva no Futebol
Por Priscila Candido
A Fisioterapia Esportiva vem crescendo e ganhando cada vez mais espaço no Futebol, o esporte mais popular no Brasil. Habitualmente seu foco é a reabilitação das lesões, mas é extremamente importante para a prevenção e recuperação física, tendo como principal objetivo otimizar a performance do atleta.
Para atingir estes objetivos é indispensável uma boa avaliação funcional, na qual se verifica o controle de movimento, a força e o equilíbrio muscular, amplitude de movimento das articulações, integridade dos diferentes sistemas orgânicos, o histórico de lesões e as possíveis predisposições e fragilidades no atleta.
Identificando-se as lesões prévias, pode-se investigar se existem compensações e adaptações que acabam gerando vulnerabilidades teciduais e maior risco de novas lesões. Vale ressaltar que as adaptações e compensações podem aparecer em forma de restrição de mobilidade articular, alterações do tônus e da força muscular, alterações na viscoelasticidade fascial e disfunção nos demais sistemas.
Existem diversos recursos que podem ser utilizados da Fisioterapia Esportiva, como a eletrotermofototerapia, a cinesioterapia e a terapia manual.
A eletrotermofototerapia promove efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e cicatrizantes para acelerar o processo regenerativo, a cinesioterapia que através do movimento auxilia na prevenção e recuperação das lesões articulares e musculares, a terapia manual e a mobilização fascial, quais são importantes para alcançar os objetivos terapêuticos desejados (1).
No Futebol Feminino, as lesões mais comuns ocorrem nos músculos dos membros inferiores, seguidas por entorses de tornozelo e joelho. O mecanismo de lesão pode ser por eventos traumáticos, mas também por sobrecarga mecânica e alteração do padrão de movimento em decorrência de disfunções de mobilidade dos pés e tornozelos. Esta relação exemplifica a necessidade de uma avaliação global e individualizada de cada atleta, pensando em ser funcional para o gesto esportivo.
Diversos recursos podem ser empregados para esta avaliação, dentre os quais se destaca a Termografia, ou termometria cutânea, que é um método de captação da radiação infravermelha do corpo de forma não invasiva e irrestrita (2) (3). Este método mapeia áreas que apresentam alterações e assimetrias de temperatura, facilitando a identificação de mudanças fisiológicas podendo caracterizar processo inflamatório, alteração da microcirculação, alteração da perfusão tecidual, sobrecarga mecânica e outros indicativos que apontam para a necessidade da intervenção fisioterapêutica. (4).
Como exemplo prático, vale salientar a alteração do perfil térmico ao redor de um ponto gatilho miofascial, que sugere aumento metabólico no músculo envolvido. Esta condição fragiliza o músculo, predispondo à lesão (5). A câmera registra estas variações de temperatura, mostrando precocemente a região mais sobrecarregada do corpo (variações térmicas podem evidenciar uma lesão ou uma sobrecarga mecânica). Dessa maneira, contribui nas avaliações, na prevenção e na manutenção da performance esportiva.
A presença da assimetria de temperatura é algo que precisa ser evitado. E a termografia nos auxilia de forma quantitativa e qualitativa. Através desses dados, podemos avaliar a necessidade de interromper as atividades do atleta temporariamente para evitar uma lesão. Esse recurso auxilia o Fisioterapeuta no acompanhamento da evolução do tratamento e como informação importante para critério de alta e retorno ao esporte.
Na foto abaixo, verificamos um aumento significativo da temperatura da perna direita em relação à perna esquerda. Esta informação demonstra assimetria e é um sinal de alerta de lesão.
Nota-se que a Fisioterapia não se limita ao tratamento de lesões. Ela pode ser inserida nas diversas fases do ciclo esportivo, da pré-temporada através de avaliações e planejamento de prevenção de lesões, atuando na recuperação após cada jogo até final da temporada.
Referências:
1. Lee PR. Still´s concept of connective tissue: lost in “translation”. JAOA. 2006; 106 (4):176-177.
2. Peleki A, Silva A. Novel Use of Smartphone-based Infrared Imaging in the Detection of Acute Limb Ischaemia. EJVES Short Reports. 2016;32:1-3.
3. Frick P, Mizeva I, Podtaev S. Skin temperature variations as a tracer of microvessel tone Biomed. Signal Process. Control.2015; 21:1–7.
4. Bandeira F, Neve EB, Moura MAM, Noham P. The thermography in support for diagnosis of muscle injury in sport la termografía en el apoyo al diagnóstico de lesión muscular en el deporte. Rev Bras Med Esporte. 2014;20(1).
5. Fischer A, Chang CH. Temperature and pressure threshold measurements in trigger points. Thermology. 1986;1:22-25.